Fábrica de Arte Marcos Amaro

EXPOSIÇÃO / em cartaz

“É preciso continuar”, Regina Parra

“É preciso continuar”, Regina Parra

“É preciso continuar” (2018), de Regina Parra (1984, São Paulo), inicialmente apresentada no Largo da Batata em São Paulo, foi recentemente adquirida pela Coleção Marcos Amaro e já foi instalada no espaço da fábrica, próximo ao Galpão do Urubu. Trata-se de um grande luminoso em neon vermelho que irradia as frases “É preciso continuar/ Não posso continuar/ É preciso continuar/ Vou continuar”. Inspirada no romance “O inominável”, escrito pelo irlandês Samuel Beckett no contexto do pós-Segunda Guerra em 1953, a expressão insurgiu por uma questão na vida pessoal da artista, que viveu os limites do seu próprio corpo, mas acabou por refletir também o contexto político brasileiro dos últimos anos. Parra reforça nossa fragilidade e vulnerabilidade, ao mesmo tempo em que nos faz perceber nossa resistência e poder. Diferente do primeiro local em que a obra foi exposta, na FAMA Museu ela se encontra em um espaço mais fechado, quase claustrofóbico entre as antigas construções – ainda em processo de reformas. Quase escondida, a obra espera ser descoberta por quem caminha nos cantos do Museu. 

A artista, que já passou pela FAMA Museu com a exposição “Eu me levanto” (2018), aborda temas como as hierarquias de poder e os limites do corpo, em contextos de controle e opressão. A instalação “É Preciso Continuar” se utiliza de palavras e dos luminosos de publicidade para materializar uma luta interna de quem se esforça para não desistir frente aos golpes externos e frente ao próprio desgaste. Viver demanda um esforço permanente e ao ler cada uma das quatro frases, quem as observa percorre os caminhos da negação e aceitação de que é preciso sim continuar, mesmo que diante da impossibilidade. A frase final quebra a expectativa de quem lê, trazendo uma virada de ânimo: a aceitação. Aceitação essa que não vem do conformismo e da passividade, mas da força no extremo cansaço. A resistência inesperadamente surge, com desvios e hesitações, para terminar com força e certeza. Não posso continuar, mas é preciso.

Stefanie Klein
Equipe de Comunicação

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