EXPOSIÇÃO / passada
Tríptico
Plantas tomando paredes destruídas pelo tempo, como uma vegetação parasita, que transborda e transforma. Elas dominam a cena da paisagem, se correlacionam e se fundem em um só corpo. As esculturas de Rodrigo Sassi têm esse mesmo efeito parasitário ao se projetarem para fora das paredes e das pilastras da Fábrica de Arte Marcos Amaro. O artista é o quarto nome contemplado pelo Edital de Ocupação FAMA e estreia em 13 de abril o projeto inédito Tríptico, curado por Ricardo Resende.
O artista parte da relação entre arquitetura, o entorno urbano em que está inserido e suas referências plásticas para dar vida a estruturas que interagem com o espaço. Sua instalação escultórica vai ocupar o entorno da antiga casa de energia da Fábrica São Pedro, com formas orgânicas que intervêm e transformam o local.
Sua escultura vem da rua, de recursos encontrados em vias públicas. É com isso que Sassi traz à tona o contraste de suas formas abstratas, que fundem certa brutalidade a uma sensação de leveza. “O desenho das esculturas é o mesmo grafismo emaranhado visto nas pichações dos muros e paredes das cidades”, pontua Ricardo Resende, curador da exposição.
Nascido e criado em São Paulo, a influência da metrópole é onipresente em sua obra. Sassi, que vem da cultura do skate e do grafite, tem também a noite e a música como inspirações.
Suas esculturas não obedecem ao senso comum. O artista molda suas obras com formas feitas de madeira compensada ou então esculpe moldando – um jeito de talhar curvas através de cortes na madeira. Feito isso, preenche a forma com concreto. “Ele obtém uma estética da degradação (controlada) e do abandono consciente provenientes de mofos e infiltrações, com cores vistas em suas ‘telas’ que remetem o espectador às pinturas tachistas abstratas”, reflete Resende.
Na Sala 6, o artista exibe a faceta documental de seu processo de criação: são matrizes de gravuras. Recortes de madeiras e restos do que prepara para fazer os moldes foram reorganizados sobre placas, como uma xilogravura e impressos sobre papel. “As matrizes de madeira que se conectam com as esculturas lembram a origem da matéria. Nada mais são que os rastros e as marcas da escultura”, finaliza o curador.
Sobre o artista
Rodrigo Sassi nasceu em 1981 em São Paulo e, atualmente, vive e trabalha na cidade. Em 2006, graduou-se em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Iniciou sua trajetória artística na prática de intervenções urbanas nas quais utilizava a cidade como suporte de atuação, reflexão e inspiração para suas obras. Aprofundou sua pesquisa urbana e a transformou em referência estética e conceitual para um trabalho tridimensional que caminha entre a escultura e a instalação.
Seu trabalho já foi exibido em individuais de instituições como Centro Cultural São Paulo (CCBB) e Red Bull Station além de galerias como MdM, de Paris, e Nosco, de Londres. Participou de coletivas no Museu Oscar Niemeyer, Museu Brasileiro de Escultura (MuBE), Caixa Cultural Rio de Janeiro, Frameless Gallery, em Londres, dentre outras. Sassi foi reconhecido com prêmios como o PROAC Artes Visuais (2016), Sculpture Space (2016), em Nova York, e Cité Internationale des Arts de Paris (2014/2015). É o quarto artista contemplado pelo edital de Ocupação Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA).